Os meios de comunicação revelaram, ontem, que conhecida figura
política de nosso País, em diálogo telefônico com terceira pessoa, ofendeu,
gravemente, a dignidade institucional do Poder Judiciário, imputando a
este Tribunal a grosseira e injusta qualificação de ser "uma Suprema Corte
totalmente acovardada"!
Esse insulto ao Poder Judiciário, além de absolutamente inaceitável e
passível da mais veemente repulsa por parte desta Corte Suprema, traduz,
no presente contexto da profunda crise moral que envolve os altos escalões
da República, reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e
arrogantes que não conseguem esconder, até mesmo em razão do
primarismo de seu gesto leviano e irresponsável, o temor pela prevalência
do império da lei e o receio pela atuação firme, justa, impessoal e isenta de
Juízes livres e independentes, que tanto honram a Magistratura brasileira e
que não hesitarão, observados os grandes princípios consagrados pelo
regime democrático e respeitada a garantia constitucional do devido
processo legal, em fazer recair sobre aqueles considerados culpados, em
regular processo judicial, todo o peso e toda a autoridade das leis criminais
de nosso País!
A República, Senhor Presidente, além de não admitir privilégios,
repudia a outorga de favores especiais e rejeita a concessão de tratamentos
diferenciados aos detentores do poder ou a quem quer que seja.
Por isso, Senhor Presidente, cumpre não desconhecer que o dogma
da isonomia, que constitui uma das mais expressivas virtudes republicanas,
a todos iguala, governantes e governados, sem qualquer distinção,
indicando que ninguém, absolutamente ninguém, está acima da autoridade
das leis e da Constituição de nosso País, a significar que condutas
criminosas perpetradas à sombra do Poder jamais serão toleradas, e os
agentes que as houverem praticado, posicionados, ou não, nas
culminâncias da hierarquia governamental, serão punidos por seu Juiz
natural na exata medida e na justa extensão de sua responsabilidade
criminal!
Esse, Senhor Presidente e Senhores Ministros, o registro que desejava
fazer.
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